Notas sem importância

– Moça, o que cê faz da vida?
– Eu escrevo.
– Sobre qualquer coisa?
– Qualquer.
– Então escreve aí sobre óleo argan do marrocos.

A conversa breve aconteceu num dia nublado com um homem de idade indefinida saído daqueles portais impossíveis: não o vi chegar, nem o vi indo embora. Só me recordo de seu olhar incisivo e de seu cheiro forte de quem vive a cidade como poucos.
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Demorei muito para me entender escritora e só dou conta de me ver assim a partir da premissa de que escritor é aquele que escreve. Bem ou mal, escreve por que precisa (um belo clichê esse).
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Meu nome completo é Valéria Prochnow dos Anjos. Sou mineira, estou mais perto dos 40 do que dos 30.
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Desde criança me chamam Val.
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Sou a primeira das três irmãs. Com minha mãe e as sobrinhas somamos seis mulheres.
Meu pai é uma ilha cercada por hormônios oscilantes: os amigos o acham um homem de sorte. Eu o acho um homem feliz. E, sobretudo, paciente.
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Tenho muitos cadernos frases soltas textos incompletos rascunhos versões e reedições. Tomei aflição de tanta palavra escondida desgovernada. Tomei aflição das inúmeras pastinhas no desktop. ‘Vou botar tudo aqui’, pensei como já havia pensado quando tive outros blogs. Igual, mas diferente.
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Fumo muito e não posso com café e coca-cola depois das 2 da tarde.
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A casa é um detalhe. Divido o espaço com pé de romã limão goiaba lixia jabuticaba jambo amarelo.
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Acordo cedo passo café acendo o cigarro, mesmo ritual de minha mãe.
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Acordo de bom humor.

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